terça-feira, 2 de março de 2010

Nos tempos das "soirées dançantes" e da "cuba-libre"

Cantor Tony Geraldo, Vitor (o Trola), Paulo Motta, saxofonista Pirandello, gaita Cláudio Alves, no piano Carlos Clemers, baterista José Carlos Dillemburg (o Escovão) e no contra-baixo Paulo Osni Finger.
Placa: "Ao Show Musical Caravelle, o melhor de 66, homenagem do Clube Riograndense - Montenegro, 14/05/66".
Da esquerda para a direita: Catulo Flores (guitarra), Pirandello (sax), Nolar Darci Azambuja (trompete), Baldo, Paulo Osni Finger (violino) e Rubens Bloss (cantor e violinista), quando da apresentação do Show Musical Caravelle na TV Gaúcha - Canal 12 (hoje RBS TV), no Programa Bar 12.

Era o final dos anos dourados. Anos de tantos insucessos para o Brasil: Vice-campeão na Copa de 1950, realizada no Brasil, e eliminado da Copa do Mundo de 1954, na Suiça, ano em que o presidente da República, Getúlio Dornelles Vargas se suicidava no dia 24 de agosto. Na beleza Marta Rocha ficou com o 2º lugar, no Miss Universo, por "duas polegadas". Nas rádios AM e nas vitrolas ou eletrolas, rodavam LPs (bolações ou discos de vinil), geralmente com 12 músicas, ou mesmo CDs (capact disc simples, com uma música de cada lado) ou os CDs (compact disc duplos, com duas músicas de cada lado), com sucessos de Dalva de Oliveira, Dolores Duran, Maysa, Cauby Peixoto, Jorge Veiga, Miltinho, Agnaldo Rayol, Adoniran Barbosa, Altemar Dutra, Anísio silva, Francisco Carlos, Nelson Gonçalves, Cláudia Barroso, Nilton César, Moacir Franco, Joelma, Luciane Franco, entre outros mais.

Na berlinda musical despontavam os românticos cantantes italianos, como Sérgio Endrigo. Bobby Solo, Peppino Di Capri, Rita Pavone, Domenico Modugno, Carmelo Pagano, Luigi Tenco, Giani Morandi, Nico Fidenco, Jimmy Fontana, Edoardo Vianello, Nicola di Bari, Nada, Gino Paoli, Tony Renis e outros mais, que com suas românticas canções faziam os jovens deslizarem apaixonados pelos salões.

Veio a década diamantina, ou Anos 60, e com ela a Jovem Guarda. Ou melhor a Pré-Jovem Guarda pontificada pela Matriz do Rock Brasileiro, Celly Campello que, efetivamente foi quem lançou o novo e agitado ritmo no Brasil com suas conhecedíssimas canções, como: Estúpido Cupido, Banho de Lua, Broto Legal, Lacinhos Cor de Rosa,  Túnel do Amor, Trem do Amor e mais e mais sucessos. Celly, que também contava com o irmão Tony Campello, foi logo seguida por Carlos Gonzaga, Giane, Sérgio Murillo, Paulo Sérgio, Rosemary, Meire Pavão, Sônia Delfino, Nalva Aguiar, Ronnie Cord, Waldirene, Demétrius, George Freedman, Bubby, e muitos nomes mais que fizeram sucesso na época.

Logo depois, aproveitando o sucesso e o embalo do rock´n roll, que já rodava nas rádios AM na voz do "rei" do rock´n roll Élvis Presley, Neil Sedaka, Paul Anka, Pat Bonne, Brenda Lee, Litle Richard, Bill Haley & The Hits Comets, Cat Stevens, Frankie Avalon, e mais os grupos The Beatles, The Animals, The Mamas and The Papas, Rollings Stones, e mais e mais que acabaram invadindo o Brasil e marcando uma impagável, agitada e borbulhante  época.  

As festas aconteciam nos clubes sociais (hoje praticamente saudosos) ou em casas de família, em muitos casos, na garagem, onde a turma jovem ficava mais à vontade e a vigilância dos pais era, obviamente, menos insistente.
Na rua em que morava, a Frederico Guilherme Ludwig, então de duas ou três quadras apenas, entre as ruas Dr. Barcelos e Brasil, eram quase sempre na área dos fundos da casa da Dona Dora, esta ex-campeã de atletismo do Grêmio Esportivo Renner, de Porto Alegre e, por isso, grande apreciadora e incetivadora dos esportes. E era ela quem comandava a folia dançante da turma, rodando seus poucos discos de vinil na eletrola. Ou então íamos para a casa do José Costa, o "seu" Gauchinho" e a dona Maria, na rua Vasco da Gama, pais de uma turma de filhos: Alcebíades (o Bide, um malabarista e craque da bola), José Carlos (o Zefa), o Mariozinho (também muito habilidoso no jogo da bola), e das filhas: Jane e Vera (a Verinha). E lá a turma era ainda maior, pois reunia não só os da rua Frederico Guilherme Ludwig como da própria Vasco da Gama e as da redondeza.

Mas o quente mesmo eram as "soirées dançantes" que eram realizadas no salão social do antigo Clube de Bolão Gaúcho, então na Av. Victor Barreto, quase em frente à rua Araçá, como no improvisado salão, já que a sede estava inacabada, que funcionava também como boate ou discoteque nas reuniões dançantes promovidas pelo DEMO - Departamento da Moaciedade, da Sociedade Canoense de Caça, Pesca e Tiro, já na Rua Ipiranga. Havia també o Clube Cultural Canoense, já com sua sede na Rua Dr. Barcelos, mas nunca conseguiu o mesmo sucesso e a mesma afluência dos demais co-irnmãos, apesar das muitas e boas tentativas de eventos interessantes.

Para ambos os clubes afluia toda a juventude, pois quse nunca havia coincidências de promoções, o que possibilitava uma melhor e maior afluência de público. Anos depois, o Cssgapa - Cassino dos Sargentos e Sub-Oficiais da Guarnição Aérea de Porto Alegre (apesar de estar sediada em Canoas) - também abriu suas portas para o público não-militar. E lá também aconteceram grandes e inesquecíveis festas. Sem dúvida, as melhores no período mais festivo, mais fraterno, mais romântico e borbulhante da vida social de Canoas. Ao mesmo tempo surgia a possibilidade de se freqüentar o Grêmio Esportivo Niterói, então na Rua Marechal Rondon, no bairro Niterói. E acabou sendo esses dois clubes que mais passaram a atrair público em suas festas, tanto nos bailes, como nas festa de concursos de beleza, como Miss Canoas, Glamour-Girl, Namorada de Canoas, Rainha da Primavera, Miss Brotinho, Miss Objetiva, entre outros.

E em todos esses clubes, quando as soirées dançantes não eram animadas com som de vitrola e discos de vinil, como no velho Clube de Bolão Gaúcho, maquinado pelo saudoso Enio Francisco Almeida, eram contratados os melhores conjuntos do Estado na época, como o Show Musical Caravelle (este por diversas vezes eleito o melhor conjunto do estado), o Conjunto Sayfers, pontificado pelo Harvey Azambuja, que morava na rua Santa Maria, e pelo Conjunto Apache, liderado pelo seu criador e guitarrista João Mello. Todos esses conjuntos tiveram a iniciativa e a origem em Canoas e criados por músicos canoenses. Haviam, em rápida passagem, pois não permaneceram no mercado por muito tempo, os conjuntos formados somente por meninas, ou como se referiam à época, garotas e, casualmente, todas do Colégio Maria Auxiliadora, como As Ternurinhas e As Magalloo´s. E, claro, muitos outros vinham de fora de Canoas, como o Santa Paula, Os Boinas Azuis, Conjunto Melódico de Norberto Baldauf e outros mais. Assim como as orquestras "Cassino de Santa Cruz", "Orquestra Sevilla" e a "Orquestra de Salvador Campanella".

Catulo Flores executando "Se Todos Fosse Iguais a Você"



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7 comentários:

  1. de todos os que foram citados acima,paulo sergio,foi o melhor,mesmo que os outros tenham
    sido tambem,muito bons.
    PAULO SERGIO PARA SEMPRE !

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  2. Meu nome é Carlos Mello,mais conhecido por Charles,sou vocalista e participei no inicio dos anos 80 do Show Musical Caravelle onde atuei por dois longos anos.Em 1986 ingressei no grupo Boinas Azuis e fiz parte até o seu final em 1990.
    Juntamente com betinho(filho do saudoso pinguinho),no qual atuava-mos juntos nos Boinas Azuis,hoje em dupla atuamos em bailes e jantares por todo o Rio Grande com o nome de ¨CHARLES & BETO MARINHO-ex integrantes dos BOINAS AZUIS.relembrando as músicas que fizeram sucesso naquela época. NOSSO TELEFONE:51-9945-96-11 E carlosalberto.mello@hotmail.com

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  3. Olá este video acima fui eu que filme no apt de Catulo em Canoas. Gostaria de saber se vc tem mais fotos ou videos dessa época ou algum outro material antigo de Catulo.
    Abraços,
    Allan Taylor.

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  4. Em resposta ao Allan tenho a dizer que venho tentando em vão conseguir, emprestadas, as fotos que o Catulo guarda em seu apartamento. Todas que tenho em que ele aparece estão postados no blog. Vou tentar novamente, assim que encontrá-lo, mas ele se mostra muito resistente.

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  5. O conjunto APACHE foi um dos melhores conjunto de ieieie da época.Melo foi um dos melhores guitarrista que já conheci. Aprendeu a tocar quando criança com um cavaquinho dado de presente pelo nosso avô. Eu toquei no APACHE,como ritimista e pistonista, grandes festas em canoas, aprendi tocar bateria com o foguinho.Sou irmão do Melo,servi aeronática em canoas em 1963,e pertenci ao Apache.Meu irmão faleceu tocando orgão no Hospital com sôro no braço.Aqui em SC formou um conjunto de seresta e
    compos uma linda cansão sobre a lagoa da conceição de floripa.A turma do APACHE UM GRANDE
    ABRAÇO ,convivemos muito tempo juntos tocando e
    ensaiando , batendo papo na barbearia do Padilha,em CANOAS.(QUE SAUDADE)

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  6. Oi, Melo, irmão do guitarrista João Melo.

    Foi muito legal e oportuno teres contatado comigo. Estou escrevendo um livro que espero seja publicado ainda neste primeiro semestre sob o título, ainda provisório, "No Tempo da Cuba-Libre". O Foguinho (Renato Tups, meu ex-colega de colégio)já esteve aqui em casa. Mora perto. Ficou de voltar, mas até agora nada. Prá ter mais informações sobre o João Melo e o Apache preciso que me mandes o teu e-mail, ok?

    Os meus e-mails são: la-stampa@ig.com.br e frapagot@ibest.com.br.

    Aguardo teu retorno, ok?

    Grande abraço e obrigado pela visita!

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  7. Boa tarde. Mando notícias do Foguinho. Renato toca comigo noma banda chamada JAZZUEIRA - JAZZ & BLUES. Ele sempre comenta, com muito carinho, sobre os grupos nos quais tocou.
    No blog: www.jazzueira.blogspot.com Tem fotos dele e da banda. Um abraço do George.

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